Após demissão, narrador perdeu processo milionário contra emissora

02/09/2023 às 13h43

Por: Caio Yokota
Marco de Vargas (Reprodução / Web)
Marco de Vargas (Reprodução / Web)

Marco de Vargas integrou o núcleo de jornalistas esportivos da Fox Sports por mais de uma década (2011-2022). Um dos principais narradores da extinta casa, de Vargas perdeu uma ação para a Disney, que movia desde 2020.

Marco de Vargas (Reprodução / Web)

O locutor pedia R$ 5,1 milhões da empresa por rescisões trabalhistas não pagas e reconhecimento do vínculo empregatício. Ainda que tenha ganhado parcialmente em primeira instância, a Disney recorreu e conseguiu convencer o tribunal do contrário.

Segundo publicou o site Notícias da TV no dia 10 de dezembro de 2022, o processo foi julgado pela 11ª turma do TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho na 2ª região). O veículo também teve acesso aos autos com exclusividade.

No processo, Marco de Vargas afirmou ter sido demitido por conta da fusão entre Fox e ESPN, em 2020. Ele tinha contrato com a emissora até o fim de 2022.

Não convenceu

Marco de Vargas e Rodrigo Bueno no Fox Sports

Marco de Vargas e Rodrigo Bueno no Fox Sports (Reprodução)

O magistrado deu vitória em segunda instância à Disney depois de entender que o réu tinha autonomia para escolher ou recusar as escalas de trabalho. Ele entendeu também que foi o narrador quem escolheu o modelo de contrato PJ (Pessoa Jurídica) quando chegou ao canal, em 2011.

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De acordo com o desembargador Flávio Villani Macêdo, a argumentação da Disney fazia sentido, além de ter uma prova oral, destacada no processo, que comprova a participação de Vargas nas decisões.

“A forma e o modo de prestação dos serviços não permitem concluir pelo trabalho subordinado, nos estritos termos previstos na legislação trabalhista”, declarou Macêdo.

“A prova oral revelou que a escala era feita e enviada para o aceite ou não do autor, fato que denota a autonomia existente na relação entre as partes. Assim, ficou claro que a vontade do autor era de se ativar sem vínculo de emprego, ativando-se com autonomia e retribuição diferenciada”, relatou o desembargador.

Dessa forma, o ex-Fox Sports não ganhou a bolada e teve que arcar com os honorários dos advogados da Disney.

Fala polêmica

Marco de Vargas

Marco de Vargas (Divulgação)

O ranço entre Vargas e Fox começou anos antes da fusão, durante uma transmissão para o Facebook Watch. No jogo entre Grêmio e Olímpia pela Libertadores, o narrador foi suspenso após uma fala polêmica no final da partida.

As luzes do estádio já estavam se apagando quando Marco de Vargas disse que faria uma visita à “casa das meninas” em Porto Alegre. Internamente, a brincadeira não pegou bem.

“Por isso, o Vagner [Martins, repórter que estava no gramado], que não faz isso porque é um homem casado… A gente também tem os nossos compromissos, mas a gente vai com muita tranquilidade, claro, com muita parceria e responsabilidade” falou o narrador ao final do jogo.

O constrangimento na equipe foi nítido. O comentarista Rodrigo Bueno ficou claramente desconfortável com a fala do colega.

“Estamos com pressa. O pessoal convidou para um churrasquinho, dar uma passadinha lá na casa das meninas pra tomar uma cervejinha também” encerrou a transmissão Vargas.

Como a transmissão era uma parceria entre Fox Sports e Facebook, a emissora ficou preocupada pelo rigor da rede social com conteúdos de cunho erótico.

Reclamou no Twitter

Marco de Vargas no Cartão Verde

Marco de Vargas no Cartão Verde (Reprodução / Instagram)

A fala repercutiu entre os internautas e Marco de Vargas também foi até o Twitter deixar sua mensagem enigmática.

“Se o objetivo era prejudicar, parabéns, prejudicou”, publicou, sem dar muitos detalhes na época.

Seus seguidores começaram a criar teorias sobre uma possível suspensão do narrador, que alguns dias depois foi confirmada.

No duelo de volta entre Olímpia e Grêmio, de Vargas não fez o jogo. Em seu lugar, o paulista Nivaldo Prieto foi quem comandou a transmissão. A punição ficou clara pelo fato dele ser o único locutor que não fez parte da escala.

Prieto era responsável pelos jogos do Palmeiras, assumiu o Tricolor Gaúcho e continuou com o alviverde. Já Téo José fez os jogos do Internacional, enquanto João Guilherme narrou as partidas do Flamengo.

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